Carta aberta ao senhor presidente da república

Exmo. Senhor presidente da República,

dirijo-me a si na sua qualidade de animador sócio-cultural do país para lhe dizer que andamos a precisar de um campeonato da europa para animar, até para ver se o Éder volta aos golos. Se calhar, o plural aqui não se aplica. Gostaria de dizer-lhe que durante a quadra natalícia tive de me deslocar a uma urgência hospitalar por me encontrar engripado. Não correu bem. Para começar, quando cheguei não fui recebido pelo senhor Diretor-Geral de Saúde. Depois, não estava lá o senhor presidente para me abraçar. Enquanto presidente de todos os portugueses tem o dever de abraçá-los a todos. De preferência, em momentos complicados das suas vidas, como nas deslocações às urgências hospitalares. Devo dizer, no entanto, que não faltava lá gente para abraçar, umas 80 pessoas só à minha frente. Tentei abraçar algumas que foram pouco receptivas e nada afectuosas. Saiba o senhor presidente que passo por momentos difíceis. Estou desempregado e, quando não estou, encontro-me a um curto passo de voltar a estar. Já agora, uma pergunta professor: diz-se "estou desempregado" ou "sou desempregado"? A pergunta nem sequer é filosófica, sinta-se portanto à vontade. A dúvida é de português - se fosse francês estávamos conversados - e a questão é, no máximo, política. E aqui já entra o senhor presidente.
Mas adiante. Como se a minha vida já não fosse difícil, sou sportinguista. Deve o senhor presidente imaginar em que estado de sofrimento me encontro! Para além de não acreditar em Jesus, imagino que ser desempregado benfiquista seja, ainda assim, mais fácil.

Um beijinho,
HGP

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