Educação em estado de citius

Em primeiro lugar, gostaria de começar por me dirigir ao senhor ministro da educação, Nuno Crato, e pedir-lhe desculpa por todas as vezes que o insultei publicamente em manifestações várias em que já participei. Prometo não tornar a fazê-lo até à próxima manifestação, pois já me andava a habituar a insultá-lo mesmo nos lapsos de tempo entre manifestações. A culpa de ter ganho gosto a invectivar o senhor ministro a toda a hora é assacável aos serviços da minha mulher, que ao fim de 15 anos a trabalhar para si, resolveu não ficar colocada. Já a despedi por causa disso e agora vou arranjar outra que saiba concorrer na plataforma da sigrhe e para quem fórmulas matemáticas erradas não sejam um obstáculo inultrapassável. Descobri que afinal não preciso dela para nada, tal como o senhor ministro, e gostaria de lhe agradecer o facto de me ter aberto os olhos para isso. Conhecendo o senhor ministro como "conheço", tenho a certeza, aliás, que a fórmula matemática errada usada para o cálculo da graduação dos professores na Bolsa de Contratação de Escolas não foi um erro, mas sim um teste à atenção dos professores e à saúde coronária dos mesmos. Quem resolveu o enigma da esfinge e/ou não sucumbiu a um enfarte merece continuar a dar aulas... no Alentejo. Quando ouço pessoas, sobretudo, professores, dizerem que este concurso de colocação de docentes é um caos sem sentido só me apetece beber red bulls, zurrar desculpas, beber red bulls outra vez e despedir pessoas. Dá-se demasiada importância à lógica das coisas neste país, e é por isso que este país não avança. Ou melhor, não avançava. Porque com o senhor ministro e, já agora, com a sua colega da justiça, este país vai finalmente para a frente, e vai sempre a abrir. Quando Chesterton escreveu, no início do século passado, que quando não encontra o fio da razão segue fielmente o fio da irracionalidade, ele estava a pensar no senhor ministro Nuno Crato. Ah, mas isso é impossível, Hélder, porque o ministro da educação vive 100 anos à frente de Chesterton! É possível sim senhor, temos é de usar a fórmula matemática de Crato para colocar professores. Mas é perfeitamente possível. Finalmente, e se me permite o senhor ministro da educação que desvie o foco de si por breves palavras, para falar do mentor de tudo isto, o senhor Primeiro Ministro. Disse Passos Coelho no início deste ano lectivo que este é o melhor arranque de sempre de um ano escolar, nomeadamente, no que toca à colocação de professores. Devo dizer que o senhor primeiro ministro tem memória curta. Basta recuarmos ao ano lectivo 359-358 ac, ano em que tínhamos na lista de professores colocados, nomes como Platão ou Aristóteles e em que não havia docentes por colocar. Nesse ano Alexandre Magno foi para o quadro de honra e mérito e o mundo, tal como o conhecemos hoje, nunca mais foi o mesmo. Claro que - e voltando ao senhor ministro da educação - o problema de Nuno Crato não é a filosofia. A sua filosofia está óptima, o problema é a sua matemática. E isso já nem é a primeira vez que acontece a um matemático. No caso, Nuno Crato quis mais uma vez inovar e inverter a ordem das coisas, rompendo com uma longa tradição de matemáticos que não percebiam nada de filosofia, e que teve o seu expoente máximo em Pascal, iniciando um novo paradigma de matemáticos que não percebem nada de matemática. Cá por mim não acredito em matemáticos, pero que los hay, hay! Ai, ai!

Comentários

  1. Grande professor/filósofo, será que podemos publicar este artigo no Ministério da Educação?

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