Democracia a mais para país a menos...

Exmo. Senhor Presidente da República,

Quem lhe escreve é um dos quatro cidadãos nacionais que não foram processados pela Tecnoforma no âmbito do caso com o mesmo nome. Estive a contá-los e para além de mim escaparam para já incólumes, justamente, o Senhor Presidente da República, Pedro Passos Coelho e o professor Marcelo. O resto do país está a braços com o advogado daquela Consultora, estando os 9.997.000 processos agora instaurados prestes a dar entrada no Citius antes do verão de 2020, altura em que a plataforma da justiça deverá terminar o processo de reset iniciado no início deste mês. É possível que esta previsão - verão de 2020 - sofra atrasos.
Escrevo-lhe porque não podia estar mais de acordo consigo quando, na própria sexta-feira em que o Primeiro-Ministro foi a AR esclarecer senhas para almoço e bilhetes em executiva para Cabo Verde, o Senhor Presidente da República comentou este caso. Enquanto toda a gente estava com a mira apontada às despesas de representação apresentadas por Pedro Passos Coelho ao Centro Português para a Cooperação, o Senhor Presidente da República fez o que lhe competia e viu mais do que os portugueses todos juntos foram capazes. Munido com toda a certeza de equipamento militar, não fosse o Senhor Presidente Chefe Supremo das Forças Armadas, viu politólogos e comentadores a mais! Enquanto não formos capazes de nos libertarmos do supérfluo e irmos ao essencial, este país não sairá do sítio. Obrigado Senhor Presidente... Se me permite, obrigado, mestre.
O Senhor Presidente veio colocar o dedo na ferida: há tão pouco país para democracia a mais. Temos democracia em Portugal que dá para a Espanha toda e para a França inteira. Vivemos claramente um descontrolo do lado da despesa no que à democracia diz respeito. Toda a gente sabe que democracia gasta muito gás e electricidade e depois não há quem se chegue à frente para pagar a conta.
Atento a esta problemática, o senhor Presidente analisou os hábitos de consumo de opinião de politólogos e comentadores e descobriu que esta gente "comenta e opina 24 sobre 24 horas", o que arrasa qualquer economia doméstica.
É por isso que eu proponho uma democracia em tarifa bi-horária, em que o kilowatt da opinião saia a metade do preço. Por exemplo, no período compreendido entre as 00h e as 09h o uso da palavra teria um custo kilowatt mais barato 50 porcento que durante o horário diurno, quando há mais gente acordada e, se calhar por isso, mais propensa a falar e até a dar opiniões, imagine-se, como se isso não custasse nada! 

Atentamente,
Miguel Relvas
(Consultor)

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