As «incongruências» (da fórmula) de Menezes...

Quando a pessoa do general Humberto Delgado foi assassinada, o político também pereceu, e não consta nos anais da história que, tanto a pessoa como o político, tenham vindo depois para a praça pública fazer um chinfrim danado à conta de um processo, em princípio, irreversível, como é a morte, salvo raras excepções como Jesus Cristo ou a duquesa de Alba. Vêm estas considerações de ordem sobrenatural a propósito de qualquer uma das últimas 20 intervenções públicas de Mário Soares, e do caso do ex autarca de Gaia, Luís Filipe Menezes, de quem soubemos entretanto, ter sido vítima de "homicídio pessoal e político", segundo as palavras do próprio. E é precisamente aí que a porca torce o rabo. Estou habituado a que os mortos entrem num sono eterno, se calem para sempre ou partam para o outro mundo. Sempre que isto não acontece, dou coices contra o gradeamento da varanda da sala, que dá para uma avenida movimentada da cidade. Noto que se trata da primeira pessoa vítima deste tipo de crime a apresentar ela própria queixa junto das autoridades, o que não deixa de ser notável. Vítimas anteriores deste tipo de homicídio duplo, especialmente violento, pois relembro que é pessoal e é também político - não fosse o político continuar a andar por aí depois da pessoa já ter batido as botas - agiram de acordo com a ausência de actividade cerebral e mantiveram-se mortos depois da morte. Mostra coerência e, no caso de um político, respeito pelos seus eleitores. No caso de Luís Filipe Menezes estão em causa umas acusações menores de "ajustes directos" a empresas de menor dimensão do nosso tecido empresarial, ao que parece, uma tal de Mota Engil, de que eu nunca sequer tinha ouvido falar antes deste caso, e tenho a certeza de que Luís Filipe Menezes também não, e umas histórias de financiamentos de campanhas do PSD. Estou certo que esses "ajustes" sem importância se ficaram a dever a "incongruências" das fórmulas usadas pelos serviços da câmara de Gaia e às quais Menezes é totalmente alheio. Mas nem sequer quero entrar por aí em respeito pela memória daqueles que já partiram e, que por razões óbvias, já não se encontram entre nós.

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