Carta a Vítor Pereira

My friend

Olá! Já toda a gente terminou o yoga com acento circunflexo no o em cima de um tapete indiano feito no último livro do Afonso Cruz e, entretanto, já estão todos no trânsito a mandar "paralelos" contra o pára-brisas e a desejar eternidades ó tipo que vem colado ao vosso para-choques traseiro desde a Bobadela? Óptimo, então posso avançar. Eu até queria meter uma pedra sobre assunto, mas não consegui decidir-me entre o granito de Angola e o xisto das Beiras e, assim sendo, vou ter que falar sobre isto. A conferência de imprensa do Vítor Pereira na Arábia Saudita dava um prefácio para um livro da Alexandra Solnado, dava uma consulta de meia hora com o Bruxo de Fafe e dava uma palestra do Zezé Camarinha no Wall Street Institute para focas e leões marinhos em video conferência a partir do País de Gales. Vítor, não é bonito andar com meias verdades. Quando o ex técnico do Porto pergunta ao assessor do Al-Ahli "can I say the tru?" o que está a perguntar, traduzindo fielmente para a língua de Camões, é: "posso dizer a verda..?". E quando mais adiante diz: "I speack with the tru!", o que está a dizer é: "eu falo com a verda..", o que fica aquém. Eu gosto de pessoas que digam a verdade toda. O que o ex treinador do Porto disse até pode ter vindo do coração, o problema é que antes deve ter passado pelo baço e quando chegou a nós já não se percebia nada... É o problema do baço, filtra mas embacia. Aliás, eu estou convencido que o árabe de Vítor Pereira deve ser melhor que o inglês... Para a próxima, experimente da direita para a esquerda a ver se a gente entende melhor. Espero que não me leve a mal, Vítor, "I I speack what I saw, no want you want that I want to say?". As minhas palavras também vêm do meu coração, mas eu tenho a vantagem de ter tido um acidente de tractor e já não ter baço. Do you understand this? Não é fácil, eu sei, mas para a próxima, Vítor, das duas uma: ou pega numa caneta e antecipa o 25 de Abril de 1974 no calendário árabe, que ainda vai para aí a meio disso, ou evita as "kid reaction". O inglês do Vítor fez-me lembrar o português do Bobby Robson, fez-me lembrar o futebol praticado pelas suas equipas e fez-me lembrar uma declaração sua há poucos meses a um diário desportivo, na qual exprimia o desejo de ir treinar para Inglaterra. Nós por cá, Vítor, está tudo na mesma, as mulheres ainda podem votar, aprovámos o casamento gay, apesar de continuamos a matar o porco e a esbardalhar touros nas praças, e o Jesus continua a dizer o que lhe apetece nas conferências de imprensa. O português dele não é tão bom como o seu Inglês, mas ainda assim percebe-se melhor, e não faz tanto barulho como o Vítor, que acordou Portugal inteiro com aquela gritaria.

Inshallah

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