O melhor dos mundos possíveis é em África, Leibniz

"Um ano a trabalhar sem comer" para pagar a dívida seria a receita de Nuno Crato para pagar a dívida, e, e... Se calhar, não chegava. Enquanto o ouvinte limpa o cancro dos ouvidos eu fico aqui à espera. Já está? Ainda estou a ver aí um bocadinho de cera... Isso, vá, agora sim. O ouvinte ouviu bem, o ministro da educação disse mesmo isso, à laia de coisa esperta de se dizer, é certo, mas disse. Manuela Ferreira Leite também disse numa maneira de dizer muito dela que se suspendia a democracia seis meses, mas disse. Se calhar, as pessoas ficarem um ano sem comer - para mais a trabalhar - não pode ser... Digo eu. Mas seria o ideal, num mundo perfeito em que dez milhões de portugueses estivessem dispostos a dar a vida para que a classe política sobrevivesse e continuasse a história desta espécie de gente... Dez milhões de Messias, prontos a dar a vida pela máquina do Estado. Ao fim de um ano, o (c)ratinho no estômago de cada português teria o tamanho e aspecto de Nuno Crato. Um Nuno Crato a crescer no estômago de cada português é o máximo que cada português pode desejar para a sua vida. Ah, e que vida de sucesso seria essa, tão melhor do que esta! Para a indústria alimentar é que talvez fosse chato, mas pela dívida faria maravilhas. Melhor que isso só dois anos sem comer... Isso é que era... Gente a morrer à fome não recebe subsídio de desemprego, rendimento mínimo, não vai ao médico e não chega à idade da reforma. Como é bonito sonhar com um mundo melhor... Com o exemplo do ministro Crato aprendemos a sonhar... Se se tira o sonho a um homem tira-se-lhe tudo, não é senhor ministro? No sector da educação, então, faria maravilhas: os alunos a chegarem inconscientes à escola de ambulância para melhor aprender e a assistirem às aulas de maca. E sem açúcar no sangue não há indisciplina... Seria a escola perfeita: sem professores, alunos que dessem por isso e nada de "PASSA PARA CÁ O TELEMÓVEL JÁ, PROFE"! Ah, que bonita é a paisagem africana, esse continente tão maravilhoso onde morrem de fome milhões de pessoas todos os anos em nome, com certeza, da dívida e do crescimento económico. Que bem tem feito à dívida africana a fome africana... Ah, se ao menos Portugal e a Europa pudessem seguir-lhe as pisadas, ah Leibniz, que Cândido foste...

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