A casa do gaiato do BPN

Quando Darwin sistematizou a Origem das Espécies e a Teoria da Selecção Natural estava a pensar em Paulo Portas e nos pensionistas de sobrevivência, sobretudo, nos que sobreviveram à noite de ontem. Quando Churchill disse no século XX que a pessimist sees difficulty in every opportunity, an optimist sees the opportunity in  every difficulty estava a pensar em Passos Coelho, por um lado, e na decoração de murais de facebook de milhares de portugueses desempregados do século XXI, por outro. Quando na primeira metade do Século XX John Bowlby identificou os "efeitos da institucionalização" julgava-se que o famoso psicólogo inglês se referia a jovens que cresciam em orfanatos ou casas de correcção. Hoje, quase um século depois, detentores de toda a informação, sabemos que se referia, entre outros, a Machete, que foi um dos muitos rapazes institucionalizado no BPN. Estou mesmo certo que se John Bowlby fosse vivo hoje a sua teoria sobre os nefastos "efeitos da institucionalização" mudaria radicalmente, tal como as "instituições". No caso de instituições como o BPN quem sofre os terríveis "efeitos da institucionalização" não são "os rapazes" institucionalizados, mas a sociedade em sentido mais lato - não confundir com sociedade lusa de negócios, em sentido estrito! Ou seja, o Oliver Twist da SLN não é Machete, é você! Voltando a Portas (nunca nos conseguimos livrar dele, na verdade!), quando ontem escutava a sua comunicação ao país a propósito de cortes nas pensões de sobrevivência fui acometido pelo "efeito Machete" e, de olhos no ecrã, desatei a pedir desculpa ao Vice Primeiro-Ministro pelos submarinos, pelas fotocópias, pelo irrevogáveis, pelos cortes nas pensões; ao Ministro de Estado e da Presidência, pelas acções da SLN, pelas desculpas a Angola; ao ministro da Solidariedade e da Segurança Social e à ministra das Finanças, por serem um casal de marionetas nas mãos do titereiro Portas! A sério, desculpem lá! Deixaremos de vos escrutinar! Não vos merecemos! O vice Primeiro-Ministro falou com os portugueses e explicou-lhes que era uma vítima de uma campanha de desinformação visando blá-blá-blá a propósito dos cortes nas pensões de sobrevivência blá-blá-blá. E convenceu-me! O corte nas pensões de viuvez é culpa dos pensionistas que sobreviveram para ganhar mais de 2000€ por mês! Não pude também deixar de sentir que Portas está no topo da cadeia alimentar - e adora tubérculos - e eu sou uma semente de beterraba sobrevivente e que rebentará na terra a partir dos 65 anos. Ando desde ontem à noite com suores frios, e nem sequer vi a Casa dos Segredos. Primeiro, ainda pensei que fosse por hoje ser dia de trabalho, mas depois percebi que ser uma beterraba nos retira a Razão, no sentido filosófico do termo, ou seja, a capacidade de pensão... Ainda esta noite dei por mim a sonhar que era uma beterraba a entregar pedidos de desculpa num semáforo da Amadora a todos os angolanos que me apareciam à frente. Eu chamo-lhe "efeito Machete", Mário Soares chama-lhe delinquência juvenil, o que é compreensível tendo em conta a diferença de idades entre ambos, e que faz de Soares um senador e de Machete um jovem com um mau começo. Com um bom psicólogo, habituado a trabalhar em instituições, tenho a certeza que Machete ainda vai a tempo de se emendar e, quando amadurecer, ser "um menino de verdade", como o pinóquio. 

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