1.º de Maio a 50%

Olá, isso ontem é que foi pilhar, hem? Hoje é para descansar que andar a partir supermercados cansa e exige muito dispêndio de coisas essenciais ao organismo, como bifidus, kaiserslautern emunitasse... e... fogo, nunca acerto nos nomes destas porras que fazem bem! (Pausa) Pois é, é isso mesmo, vejo que já acertaram, hoje é dia 2 de Maio e o momento ideal para fazer o balanço do último Natal... Pois... Não é nada, estava a brincar. É o momento ideal mas é para fazer o balanço da última "operação Páscoa" da GNR, a "operação bugs Bunny"... Pois... Não é nada, estava outrossim a brincar... Lá está ele a fazer humor inteligente outra vez, dizem vocês. Vocês são uma simpatia, parem com isso senão eu derreto... Agora é que é a sério, eu não queria falar, estava a ver se evitava, mas vai ter mesmo de ser: ontem foi o 1 de Maio, como é sabido, dia internacional do trabalhador, por favor, não confundir com dia internacional do trabalho, que esse só se festeja na Alemanha, que é onde há trabalho. Aqui só há trabalhadores... (Pausa) Mas como eu estava a dizer, ontem decorreu mais um 1.º de Maio e este ano o dia ficou marcado por diversas manifestações um pouco por todo o país. As mais significativas - e que levaram mais gente para a rua - foram aquelas que tiveram lugar à porta das lojas Pingo Doce. Foi junto a alguns destes estabelecimentos que os ânimos estiveram mais exaltados, digamos assim, com palavras de ordem mais fortes, do ponto de vista da mensagem, como por exemplo: "Aquela palete de açucar é nossa! Quem lhe tocar leva uma coça" ou aquela que mais me tocou pela carga emotiva que o momento encerrou: "ou passas para cá essa caixa de vinho a bem, ou levas nas trombas com este lombo inteiro do acém", esta última dirigida ao funcionário da secção de vinhos, que passou a caixa, o barrete branco, o relógio e o telemóvel, que o povo ontem não estava para brincadeiras. Foram reivindicações atrás de reivindicações, umas atrás das outras, com os protestos a subirem de tom quando os funcionários daquela conhecida rede de supermercados quiseram fechar e ir para casa descansar. Consta que no Porto até houve agressões entre manifestantes, que não exibiam os habituais cartazes, mas carrinhos de compras testos de bens de primeira necessidade, tudo a 50%! E se há coisa que o povo gosta é de descontos! Para bem, bem, era o Pingo Doce ter telefonado para a Rita Ferro Rodrigues a ver se era possível, através daqueles dois doutores do além com quem ela se dá, contactar o Álvaro Cunhal, a ver se ele, por sua vez, aceitava vir ao aquém fazer uma perninha e vestir aquele aventalinho verde na secção de enchidos do primeiro de Maio, enquanto cantava aquela cançãozinha irritante da publicidade, à frente de uma horda de trabalhadores do Pingo Doce, felizes por praticarem descontos na loja toda, o ano inteiro... Ah, e a tradição de se cantar o hino neste dia? Não achas que é um sacrilégio não o fazer? Por acaso, não acho. Ainda se cantar o hino desse aí um desconto que se visse à malta... Aí, era de pensar... Mas também se o problema for só a questão do hino, canta-se o de "Janeiro a Janeiro, preços baixos o ano inteiro" com a mão no peito e amigos na mesma. (Pausa) O povo ontem estava mesmo possuído, como se não comesse há duas semanas e aviões militares da França e da Alemanha tivessem deixado cair lojas Pingo Doce para matar a fome à população. Entretanto, por falar em enchidos, lembrei-me: viram a festa da CGTP? E a Rave da UGT? Se aquilo não é encher chouriços, é o quê? E a UGT, que parece uma filial do governo, a protestar, viram? Foi medonho! Eu, pelo menos, estou com medo... Está tudo doido!
PS. Escolham locais seguros para fazer as vossas compras e, pelo sim, pelo não, deixem as crianças em casa... É que nunca se sabe onde e quando uma nova campanha de desconto voltará a atacar!

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