Descalça vai à fonte...

Para aqueles que acham que o "dia de amanhã será melhor", gostaria de dizer apenas isto: o dia de hoje é o dia de amanhã de ontem! Agora que já acertamos o calendário das nossas expectativas, penso que posso ir directamente ao que me traz cá hoje: pés nus. Para mim, a panca começou quando o Tarantino descalçou a Uma Thurman no pulp fiction. A cena em que Mia Wallace e Vincent Vega (Travolta) dançavam um twist na pista de um dinner ou o diálogo absolutamente assombroso à volta da foot massage entre Jules (Samuel L Jackson) e Vincent despertaram um interesse que de lá para cá ganhou uma importância desmesurada na minha vida, a ponto de estar descalço no momento exacto em que faço esta crónica, dentro de uma sapataria, onde já me apaixonei por um 36 de senhora e um 42 de homem. Se você é um dos meus, então esta crónica é para si. O pulp fiction ainda hoje o guardo (bate no peito) na mão direita. Entretanto, a semana passada, comentando isto com o meu psicanalista, este disse-me que esta minha mania com pés era de uma taradice a toda a prova e que eu devia mudar. Ou tomava comprimidos, concluiu enquanto acabava de calçar as meias, ou mudava-me para a casa dele. Como nenhuma das possibilidades estava em cima da mesa (fui à cozinha confirmar), optei por subir para os joelhos, e andei alguns dias a pesquisar sobre esta articulação (que faz o fim do fémur, osso que para mim tem nome de rei da selva) e o princípio (para quem vem de cima) da tíbia. Mas não é a mesma coisa. Ainda no passado fim de semana fui a dois concertos: na sexta-feira à noite fui ver a Áurea, no sábado, a Márcia. Lá se foi a terapia dos joelhos e tive uma recaída... Não sei o que é isto, mas o meu psicanalista ainda na última sessão me disse que acha que é o meu subconsciente a dizer-me que uma mulher que está com os pés desnudos é meio caminho andado! Depois, pediu-me para que o deixasse fazer um bocadinho de reflexologia podal em mim, e eu deixei que se não o homem ainda violava alguém, e o mundo já tem desgraças que chegue neste momento. Bom, agora tenho de ir, pois a senhora da sapataria já pegou no telefone e deve estar neste momento a chamar a polícia. Logo agora que entrou um 38 de senhora, um pé grego de última geração com as unhas pintadinhas de vermelho só para me provocar, que torna o segundo dedo uma coisa do outro mundo, e que é coisa para me obrigar a trocar pela décima vez este mês as teclas "P" e "E" do computador.

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