Projecto humorístico

Acabo de revelar à Lu (doravante assim designada) que criei o blog que servirá de base ao projecto humorístico com o mesmo nome, "remédio dos escaravelhos". Até aqui, nada mais do que banalidades da vida de um casal, casal... é certo, a atravessar o pior período sexual da sua história de dez anos. Daí o post anterior, aliás, o primeiro deste projecto, que postei a seco, sem apresentações de circunstância ou declaração de intenções, e daí que também não seja dispiciendo revelar os primeiros comentários da minha cara metade de limão, cheios de acritude, ao projecto, ao sonho que o substancia, e sobre o qual tanto perorei à cabeceira da cama, até descobrir que a parte dela dos lençóis já dormia.
Eu - Amor, já criei o blog!
Amor - Outro?! Já não te chegava o que tinhas?! Já não passas tempo que chegue à frente do computador?! Não tens mais nada para fazer?! Se não tens, eu arranjo-te!
Eu -Amor, é o blog daquele projecto que te falei. Daquele projecto com o Francisco...
Amor - Tu e esse gajo, também, sempre a cheirar o cu um ao outro!
Eu - Mas amor, este é aquele projecto, aquele que, se correr bem, pode mudar as nossas vidas.
Amor - Aquele das anedotas?
Eu - Anedotas (foda-se!)? Anedotas (foda-se!)? Não, amor, é um projecto humorístico sério!
Amor - "Humorístico sério"?! Só podes estar a brincar! 
Eu -"Humorístico sério" no sentido em que se trata de um humor difícil, complexo, revestido de segundos sentidos, percebes?!
Amor - Não, não percebo! Se começais com essa mania toda, com a mania de que isso não é para todos, não estou a ver como é que isso vai correr bem e mudar as nossas vidas!
Eu - Não era nesse sentido... Olha, esquece lá isto tudo que eu disse! Não queres ver o primeiro post que eu fiz. Olha, ainda ninguém viu! Nem o Francisco! Queres ver, pode ser que percebas melhor o que eu te estava a tentar explicar!
A Lu aproximou-se do computador e olhou para a imagem com desprezo. Senti a desaprovação no seu olhar, mas perguntei mesmo assim:
Eu - Então?
Amor - Então, o quê?! Acho de um mau gosto a toda a prova. Je trouve ça ridicule, même!
E eu, ciente de que quando fala em francês é na esperança de que eu não perceba, lá me defendi:
Eu - Mas percebes o que quero dizer com esta imagem?
Amor - Não percebo o que uma boneca seminua ao colo de um urso de peluche, no quarto dos nossos filhos, poderá querer dizer?!... Ou que piada poderá ter?!... Será que vai ser necessário um tradutor para cada "piada" que vocês postarem no vosso blog "complexo, revestido de segundos sentidos"?
Ela, que adora fazer aspas com os dedos para me ridicularizar com as minhas próprias palavras, estava regalada. 
Eu - Amor, o que significa é que há mais actividade sexual no quarto dos nossos filhos, do que no nosso!
Amor -Desculpa lá mais isso não é humor rebuscado, é uma anedota do Joãozinho...
Eu - Je t'aime, mon amour. Deculpa, tens razão! Não te chateio mais com estas coisas!
Amor -T'aime aussi, ursinho.

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