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Mostrando postagens de janeiro, 2012

Matiné

Entrada para uma sala de cinema que exibe filmes para adultos. Vê-se o final de uma fila. O “pica” vai apressando os últimos a entrar. Com o aproximar da câmara, apercebemo-nos de que tem as mãos dentro das calças e vai fazendo movimentos rápidos para a frente e para trás. Vai dizendo em voz alta: “Pica” – Rápido, rápido, o filme já começou! (Aqueles que ainda se mantêm na fila introduzem igualmente as mãos dentro das calças. Vê-se que, de um momento para o outro, se deram conta de que estão atrasados e que a sessão já começou. Tudo deve ser implícito.)

Empregadas domésticas

Quando quero arrancar uma boa gargalhada à Lu, digo-lhe que quero ganhar a vida a escrever e que este blog é meio caminho andado! Ela parte o côco e eu fico com o coração dividido: por um lado, sinto que a minha carreira como escritor periga, por outro, que a de humorista vai de vento em popa. Há duas coisas que me fazem rir muito: uma é ver a Margarida Rebelo Pinto a escrever (quer dizer...), a outra é vê-la a dançar (é, mais uma força de expressão). Vi-a, um certo dia, num programa de dança da RTP e ia partindo o cóccix a rir. Para mim, que tenho tango no pé direito e kizomba no esquerdo, o que faz de mim um cruzamento entre Carlos Gardel e Hélder, o rei do kuduro, foi uma visão difícil de aceitar. À parte ser uma manada de ossos articulados, MRP deixou ainda a nú que uma vassoura lhe atravessa todo o corpo, impedindo-a de brilhar na pista de dança. Se para efeitos de concurso televisivo o handicap trouxe resultados desastrosos, o pior deve ter sido mesmo quando pela primeira vez pi

Imitações

O extracto "Bem, agora que já destilei a primeira dose de inveja do dia, dizer que acordei com ramelas no lado do olho onde elas são paridas durante a noite, ali juntinho à cana do nariz, naquele vértice que faz da órbita ocular uma amêndoa. Como adoro frutos secos, acabo de colher a fruta toda do olho e fazer uma salada na boca com o resto das avelãs e nozes, que estiveram a marinar durante toda a noite, da tablete de chocolate que comi ontem ao serão, já deitadinho na posição do morto, enquanto a outra metade da cama mostrava como é que se dorme." é claramente o registo do João Quadros em "Tubo de Ensaio". Na crónica humorada a que pertence, "Gestos lestos", mas também em "Tribo centro-europeia" e "Ler revistas nos supermercados", pretende-se fazer uma imitação do estilo do autor (João Quadros), mas também a forma como o actor (Bruno Nogueira) interpreta o texto, provando, assim, que é possível fazer imitações de autores da mesma fo

Gestos... lestos!

Ora muito bom dia a todos! A julgar pelo número de comentários, "todos" é um algarismo entre o zero e a Lu... Bem, agora que já destilei a primeira dose de inveja do dia, dizer que acordei com ramelas no lado do olho onde elas são paridas durante a noite, ali juntinho à cana do nariz, naquele vértice que faz da órbita ocular uma amêndoa. Como adoro frutos secos, acabo de colher a fruta toda do olho e fazer uma salada na boca com o resto das avelãs e nozes, que estiveram a marinar durante toda a noite, da tablete de chocolate que comi ontem ao serão, já deitadinho na posição do morto, enquanto a outra metade da cama mostrava como é que se dorme. Como as ramelas são efervescentes - ou como diria a Margarida Rebelo Pinto, sexualmente activas - estou neste momento a sentir uma comichão esquisita na boca, esperem aí um bocadinho (estala a língua, bochecha a saliva). Sinto agora uma sensação de frescura maravilhosa, uma espécie de active fresh, só digo que aconselho isto a toda a

Declaração urgente ao país

Jornalista – Olá, muito bom dia, estamos em directo do palácio de Belém, onde o presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, se prepara para fazer uma declaração urgente ao país. É pena que o país esteja a dormir, pois são quatro da manhã e o presidente marcou isto há duas horas atrás. Com efeito, pouco passava das duas da manhã quando as redacções dos jornais, rádios e televisões começaram a ser invadidas por faxes, mails e mensagens no facebook a convocar os jornalistas para uma conferência de imprensa. O que terá levado Cavaco Silva a interromper a sua noite de sono é a questão que se coloca neste momento. Aguarda-se por isso com enorme expectativa a entrada do sr. Presidente aqui nesta sala do Palácio de Belém onde já se encontra um batalhão de jornalistas… Atenção, o Sr. Presidente acaba de entrar na sala e prepara-se para fazer então a sua declaração ao país… Bebe um golo de água, atenção, vai começar a proferir a declaração... Vamos escutar! Cavaco Silva – Portugueses, dir

Domingo à tarde

Décor : Dois guionistas (podem ser dois economistas, dois intelectuais) que se juntam num domingo à tarde, na casa de um deles. Trata-se de um encontro familiar, as crianças jogam à bola no pequeno relvado, os adultos estão deitados nas chaise longue, junto à piscina. Os dois homens conversam entre si. As duas mulheres conversam entre si. Os dois guionistas mantêm uma atitude distante da cena familiar… Um deles, pai de uma menina pequena, decide envolver-se mais na cena familiar, apesar da evidente falta de jeito, e, num momento em que a filhota se aproxima atrás de uma bola, pede-lhe desajeitadamente que aquela lhe coma a orelha… Guionista 1 – Anda comer a orelhinha ao papá, mor… Anda comer a orelhinha ao papá! A orelhinha! A orelhinha! (A filha olha para ele, recusa, grita mesmo, assustada) Guionista 2 – (Até aí ausente da história, apesar de se sentar mesmo ao lado do guionista 1, olha desconcertantemente para o amigo. Após um silêncio longo, diz:) Queres que te coma a orelha? (O g

Tribo centro-europeia

Em primeiro lugar, gostaria de dizer que, apesar de Mourinho ter sido assobiado no último jogo no Bernabéu, eu preferia que ele tivesse sido atropelado. Podia, por exemplo, ter sido atropelado pelo carrinho que transporta jogadores lesionados. Apesar de isso ser difícil de acontecer no Bernabéu, porque esta maravilha da técnica ao serviço do desporto só existe no estádio da Luz. Mas o que eu gostava mesmo era que ele se chamasse José Bernabéu, só para ele aprender a não ser mais bonito, inteligente e rico do que eu! Ou então deixávamos, o Mourinho em paz, que, ele ainda, se chateia com a gente. Incomoda um bocado, é certo, como as, vírgulas neste texto, sobretudo nesta última frase, mas, que, não faz mal a, ninguém! Entretanto, voltando aos bólides, era até uma ideia - lembrei-me hoje de manhã enquanto comia pão torrado com marmelada - os bombeiros, o INEM e outras instituições de importância duvidosa, que estão com dificuldades orçamentais, optarem por este tipo de viatura, muito mai

Ler revistas nos supermercados

Bom dia. Ontem à noite (perceberam o jogo de luzes? Não perceberam!... Pois...), antes de vir para casa saborear os prazeres de ser pai (que raramente se encontram com os prazeres de ser mãe) parei no Modelo a ver se tinha sorte com a Popota, mas entretanto informaram-me que a bicha hibernou e está neste momento a preparar o seu novo cd, que sai em Novembro próximo. Chegado ao estabelecimento de diversão noturna preferido dos portugueses (já viram as horas a que aquilo fecha?), alapei na zona das revistas. Já repararam que anda para aí uma moda de mamar tudo o que é folhetim, sobretudo, do social nas entradas dos supermercados? Parece a fila para a sopinha dos pobres! (Pausa) E é... Enfim, cheguei lá, ganhei posição junto à estante, e folheei publicações de carros, rasguei (inadvertidamente e sem ninguém ver) o plástico que cobre a penthouse e aproveitei para roçar o mato da zona púbica (também inadvertidamente, ontem estava muito inadvertido) nas chapinhas de alumínio da estante. Ap

Punchline

Décor : sala de formação durante um curso de escrita criativa. A indicação de que se trata de um curso de escrita criativa pode surgir numa legenda no ecrã. (A câmara começa por focar a sala de formação, o professor gesticulando bastante, vê-se algum entusiasmo e ao mesmo tempo sobranceria face aos aspirantes a escritores. O professor pode estar entre o Pedro Mexia e o João Tordo… Os alunos têm, na sua maioria, um ar suficientemente alternativo, “urbano-depressivo, vestem lãs, usam piercings e tatuagens, alguns têm os headphones à volta do pescoço. A partir desta altura, ouve-se o diálogo… O Sketch deve ser em Inglês e legendado em Português) Professor – Well, that is the purpose of the punchline in the texte. To fulfill the needs of text and to make possible that the message passes through. (Virando-se para um aluno) Can you stand-up and come over here, please? (O aluno levanta-se, dirige-se junto do professor. Este desfere um soco seco e inesperado no aluno, que cai maltratado no ch

Rajoy acalma os mercados

Décor : estúdio de televisão/mercado municipal (Durante um jornal televisivo, o pivô noticia a vitória do Partido Popular (PP) nas recentes eleições legislativas espanholas, que tiveram lugar no passado dia 20 de Novembro de 2011.) Pivô – Mariano Rajoy acaba de ser eleito primeiro ministro de Espanha. O candidato do PP promete trabalhar para ultrapassar a grave crise económica que assola o país e os números históricos do desemprego. Para já, Rajoy diz querer, com esta sua eleição, acalmar os mercados e tranquilizar o sector financeiro. O “jornal das oito e quê” tem imagens exclusivas do momento exacto em que Mariano Rajoy procurou acalmar os mercados. (A cena passa para a entrada do "Mercado de San Miguel, em Madrid, onde o líder do PP, mesmo em frente à porta principal, dirige algumas palavras ao... edifício:) Mariano Rajoy – (Em castelhano) Calma, calma, es necesario tener mucha calma e tranquilidade. Ahora, yo soy lo primeiro ministro. Por eso, calma, calma, yo pido muc

Recalcamento freudiano

(Nota: puro nonsense. Objectivo: levar à letra a lógica intrínseca ao recalcamento de situações traumáticas em Sigmund Freud. O Sketch é todo ele visual, sendo um daqueles que deverá ser utilizado entre Sketches mais longos, quebrando o alinhamento.) Um homem hirto, pouco mais do que um velho acabado de chegar, que numa leira de terra observa atentamente o solo. Breves instantes depois, pega numa enxada encostada a uma árvore e começa a cavar um buraco. Pousa o utensílio, olha através da pequena cratera e começa a fazer sons estranhos, provenientes do abdómen. O som dá origem a um bolo na boca que ele cospe para o meio da cratera. Trata-se de uma bílis amarela e azul, que se destaca da terra castanha. Repega na enxada e cobre o cuspe com uma primeira camada fina de terra. Decalca com a enxada e volta a deitar terra. Decalca uma vez mais. Deita terra. Decalca uma vez mais. Fim do Sketch.

A voz de Portugal

Anda o escaravelho às voltas com uma ideia de Sketch: "O vozeirão de Portugal é canadiano" (o título pretende parodiar aqueles concorrentes femininos que insistem em cantar Celine Dion ou Mariah Carey, Brian Adams, enfim, é uma ideia ainda a trabalhar...). Não se percebe como, no programa de passagem de ano, o "Estado de Graça", em versão XXL (porque durou duas horas, porque contou com mais actores e, provavelmente, com mais autores), não abriu as palas! Pelo contrário, estreitou-as e adelgaçou o conceito, ao convidar o herman (com minúscula) para fazer umas entradas em alemão (chega, por favor, o mestre inventou-os a todos!), quando devia ter convidado o Herman para trabalhar a sério. Até podiam ter dado descanso a um ou dois dos que lá andaram a encher chouriços com a carne do costume: Vítor Gaspar, Pedro Passos Coelho, António José Seguro, Teresa Guilherme, Cátia, Marco (óh herman?!) e Sónia... Uma das ideias do escaravelho era ter-se feito um Sketch à volta do

O sexo dos anjos

Decor : à mesa de jantar de uma família de operários fabris (a classe trabalhadora está espelhada na toalha retalhada, no serviço de mesa, no lenço na cabeça da avó, no facto de o chefe de família estar a jantar em camisola interior [manga cavada] e o avô de boné do PSD na cabeça, etc), oito membros do agregado convivem, trocando palavras, travessas e olhares. À medida que se vai ouvindo o piano de “Uma família às direitas” («Those are the days», cantada por Archie e Maude), a câmara vai-se aproximando do enredo familiar, focando os comensais. Pai, mãe, avós maternos (a mulher acaba sempre por impor os “velhos” ao homem, habitualmente tão impotente na cama como à mesa) e os quatro filhos, distribuídos pelas seguintes categorias: Luísa, jovem rapariga, recém-licenciada e no desemprego, usa o cabelo especialmente curto (poderá usar piercing no lábio inferior), veste roupa de homem e é muito magra, não se vislumbrando qualquer traço de feminilidade, Irmãs gémeas, desprovidas de personali

A cantora careca

Nota prévia: este texto tem piada, é preciso é dar-lhe tempo. Quando o Mr. Smith, de Ionesco, se vira para Mrs Smith e lhe diz, com aquela paciência salomónica - e arte na gestão de conflitos - com que, habitualmente, um homem explica à mulher avarias mecânicas: - Le commandant d'un bateau périt avec le bateau, dans les vagues. Il ne lui survit pas , ainda não tinha visto aquele filme que saiu recentemente, e protagonizado por Francesco Schettino, como é que se chama, áh, já me lembro, o Costa Concordia . Pessoalmente, não sou daquelas pessoas que vão logo levantar suspeitas infundadas, falsos testemunhos e tirar conclusões precipitadas, mas o comandante do navio de cruzeiro italiano estava, no momento do acidente, acompanhado por uma jovem de vinte e cinco anos. E em Itália toda a gente sabe que "acompanhado" é eufemismo/código dos media de Berlusconi para "bunga bunga". Depois, há outro eufemismo estrategicamente usado nesta tragicomédia de costumes itali

Ondas blasé

Acabo de chegar do intermarch éé onde fui comprar os croissants para o pequeno-almoço. Enfim, é a crise! Se não fosse, teria ido à pastelaria com a família toda ou até à beira mar constatar por mim próprio como o tempo junto à costa norte é tão desagradável. Depois de nos termos empanturrado em manteiga francesa, os meus filhos dedicaram-se às alarvidades do costume e a pôr em marcha o seu próprio processo de crescimento, a minha mulher ocupou-se de ir ao frigorífico ver do almoço e eu dediquei-me a pensamentos económicos. Ao que parece, o português comum ficou chocado e ofendido e revoltado com o facto de o pr (depois do acordo que Cavaco Silva assinou ontem à tarde com a estupidez e a falta de bom-senso, presidente da república passou a escrever-se com minúsculas) não ganhar para os gastos. Ora, se por um lado esta revolta me parece salutar, por outro, não se compreende porque razão o português comum não ficou ainda mais chocado com o facto de há já muito ele próprio não ganhar pa

As janeiras

Estou a organizar um grupo de cantares das janeiras de última hora para ajudar algumas causas que me parecem - a mim e à equipa de escaravelhos por trás de mim - nobres e urgentes. Assim, o produto resultante desta iniciativa reverterá para: 1 - Aulas de dicção do senhor Presidente da República; 2- Rendas/empréstimos das casas do Algarve, Lisboa e do Palácio de Belém; 3 - Facturas, água e luz dos imóveis em epígrafe; 4 - Descodificador de TDT e curso de formação sobre o mundo digital; 5 - Aulas de ténis dos netos do senhor Presidente da República; 6 - Acção de formação subordinada ao tema: "gestão do orçamento familiar: como fazer para não gastar mais do que o que se ganha"! 7 - Aulas de reciclagem (Curso de Economia abreviado para licenciados antes da crise) Nota Bene: eu - e a equipa por trás de mim - apenas colocamos as seguintes condições: que nas aulas de dicção e na reciclagem do curso de economia o senhor Presidente não se sente, como é costume, ao lado do mini

Fenómenos atmosféricos gay (encore)

Em países anglosaxónicos, diz-se "rainbow", nos francófonos, "arc-en-ciel"... Penso que está tudo dito!

O pedinte

Acabo de sair de um supermercado e qual não é o meu espanto quando, à porta, encontrei um batalhão de jornalistas a entrevistar um pedinte, que se encontrava sentado no chão, encostado à parede do edifício, com uma das pernas estendidas e a outra dobrada. Estendia a mão e pedia moedas, o pedinte, para ajudar a fazer face às despesas mensais que tinha e não conseguia pagar. Por causa de leis injustas, queixava-se o pobre homem, não recebia vencimento, apesar de ter um emprego. Os jornalistas, que adoram a miséria humana, perguntaram-lhe ao certo os rendimentos que efectivamente aufere. Parece que são uns míseros dez mil€ mensais, que ficam muito aquem das suas despesas. Acabo de tomar conhecimento disto, in loco, e não podia deixar de prestar o meu apoio e carimbar a minha solidariedade, por esta via, a única que tenho, a este pobre homem, este Lázaro que é uma das vítimas do actual estado de coisas. Um dos jornalistas perguntou-lhe o que fazia na vida. Ele, algo envergonhado, mais cab

Fenómenos atmosféricos gay

Pensamento do escaravelho: "O arco-iris é o fenómeno mais «gay» da cena atmosférica portuguesa da actualidade". Eu sei que alguns poderão dizer que, atenção, há arco-iris noutros países, mas vão por mim... Para já não posso adiantar muito mais do que isto, há pessoas a ouvir, gente a passar aqui à volta mas, logo que possa, volto a contactar sobre este assunto.

A linha do equador

Como é que se explica à mulher, depois desta ter andado a passear os olhos pelo histórico do nosso pc, que passamos a noite anterior a ver pornografia na net, quando dissemos que ficamos a acabar um relatório importante para entregar no dia seguinte ao Antunes, o chefe? - Pois, não sei... Como é que se explica que o segurança da Natura esteja em todas as lojas da marca, de norte a sul do país, ao mesmo tempo, sob a mesma perspectiva, em total respeito pelo coito entre o dom da ubiquidade e os princípios lógicos da identidade e da não-contradição? - Pois... Como é que se explica que a senhora Celeste Cardona seja um rapaz inglês? - Pois... Como é que se explica que o pasteleiro Marco, da casa dos segredos , não invista numa loja concept de pastéis de nata em Cabul e dê um empurrãozinho à economia portuguesa e razão ao Álvaro? Ou em Kuala Lumpur? - Pois, é difícil dizer! Como é que se explica que o Damião, do último a sair , tivesse relações sexuais debis com a tíbia dos outros c

Mãe

No outro dia o Francisco confessou-me que chorou ao ler "O Filho de Mil Homens", do Valter Hugo Mãe. Fiquei com pena do meu amigo, claro e acho uma cena degradante aquilo que esse "Filho" do Mãe anda a fazer a pessoas como o meu amigo. Por isso, Valter, pára com isso, ãh, pára com isso! Diz lá duma vez quem é o pai (e não lances o anátema sobre toda a gente, como é costume) e não chames "anã" às pessoas, só porque são ligeiramente mais baixas do que eu ou do que tu!

Pensamento do escaravelho: por trás de um pensamento profundo está sempre um sentimento rasteiro

A razão pela qual as pessoas temem tanto os humoristas é o medo do ridículo. Entre ser-se ridicularizado ou levar-se um tiro, apenas os cobardes optam pela primeira. É por isso que o humor é uma arma e o Bruno Nogueira é o John Wayne.

Liau, Liau, Liau

Para quem, como a Lu, duvide do rir que fazem os textos que aqui começámos a publicar, imagine que são ditos por humoristas como Bruno Nogueira ou o gajo do melancómico. Ou então, que são ditos por um humorista como deve de ser! Um Rôbertu Liau, por exemplo. PS. Adoro a maneira como este título mia.

Ao domingo há cabrito

Quando era miúdo costumava ir a casa de umas pessoas estranhas, com a minha mãe. Essas pessoas eram estranhas porque tinham mais de uma centena de cães a dormir no soalho comido pelo bicho da madeira, a mijar e a copular em salões amplos e anteriores à criação do mundo. Lá viviam duas irmãs e um homem, que era marido duma delas. A principal atracção da casa era cães ao colo de humanos, como se fossem crianças pequenas, com as patas da frente abertas no ombro de uma das mulheres, a que tinha os dentes da frente iguais ao bugs bunny, e as de trás a esgravatar no ventre. A outra irmã raramente falava, raramente andava (ficava sobretudo parada e dava pequenos passinhos para o lado quando sentia poder estorvar). A casa situava-se numa quinta do Minho, tinha à chegada um velho datsun estacionado debaixo de uma sacada de vinha. Íamos ao domingo. O carro estava sempre enfeitado com cães: cães no capô, cães no tejadilho, focinhos pendentes das barras laterais da grade de carga, situada na part

Pensamento do escaravelho

Os escaravelhos andam às voltas com este pensamento: - Coragem é passear de carro em Braga com um cachecol do Vitória sobre a chapeleira da mala! Mas tê-los no sítio é passear em Guimarães com um cachecol do Sp. Braga ao pescoço.

De pé do dia

Há poucas coisas que se assemelhem tanto ao prazer em estado puro como a ida às compras de uma mulher. Como adoro ver mulheres a ter prazer - mesmo que eu não tenha nada a ver com isso, que é sempre - no passado fim-de-semana fui ao centro comercial. (Pausa) Sou antigo, digo "centro comercial", por exemplo, digo: " - Fui ao centro comercial avenida". Bom, adiante. Nisto das compras, já se sabe, há lojas de homem e lojas de mulher. Aproveitei uma ida ao "avenida" e fiz uma incursão numa loja (Pausa) da EDP para pagar a luz. A EDP é uma loja para homens (Pausa) e reformados com papéis distribuídos pelos quatro intervalos de dedos que temos em cada mão, apostados em interpretar as dez páginas da conta naquela bichinha de quatro ou cinco cabeças até à Celeste Cardona, do lado de lá do guichê, a atender as pessoas. Achei que ver uma pessoa reformada do ministério da justiça a atender pessoas que também são reformadas é algo que merece ser enaltecido, e dificil

- De pé do dia!

Sou professor. Admito que há poucas profissões piores do que ser professor - só há uma, "dar explicações" e, sim... faço as duas - mas levo a vida com honestidade. Quer dizer, não é bem, bem com honestidade, mas é paredes meias com honestidade... É com desonestidade! Após dez anos de ensino - antes tinha um carácter forte e inabalável - e já dou as notas aos alunos em troca de menos alguns sopapos no corredor e menos dois ou três insultos durante a aula. Claro que esta profissão também tem coisas boas... (Pausa) na Finlândia, na Noruega, na Suécia... Bom, em minha defesa, devo dizer que até sou bem tratado, sobretudo, se se comparar com o totó de Religião e Moral, que leva porrada das meninas do 5.º ano. Na verdade, tenho de confessar que tenho um acordo com eles para não me baterem ou insultarem à frente da colega de ciências, que foi colocada lá na escola este ano, e que é "boazon" todos os dias. No fim do mês não sai tão caro como a televisão por cabo ou satélit

Alô, alô

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Projecto humorístico

Acabo de revelar à Lu (doravante assim designada) que criei o blog que servirá de base ao projecto humorístico com o mesmo nome, "remédio dos escaravelhos". Até aqui, nada mais do que banalidades da vida de um casal, casal... é certo, a atravessar o pior período sexual da sua história de dez anos. Daí o post anterior, aliás, o primeiro deste projecto, que postei a seco, sem apresentações de circunstância ou declaração de intenções, e daí que também não seja dispiciendo revelar os primeiros comentários da minha cara metade de limão, cheios de acritude, ao projecto, ao sonho que o substancia, e sobre o qual tanto perorei à cabeceira da cama, até descobrir que a parte dela dos lençóis já dormia. Eu - Amor, já criei o blog! Amor - Outro?! Já não te chegava o que tinhas?! Já não passas tempo que chegue à frente do computador?! Não tens mais nada para fazer?! Se não tens, eu arranjo-te! Eu -Amor, é o blog daquele projecto que te falei. Daquele projecto com o Francisco... A

Sexual healing

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